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quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Redenção


Redenção

Por entre as frestas do meu coração
O silêncio se fez como corte na carne,
Ao saber-se sem motivo e emoção,
Após deixar teus verbos sem encarne.

Não sabia que doía tanto a falta de ti,
Sucumbida ao vento, querendo tua voz,
Misturada à minha, desde que parti
Pra lugar algum, se tínhamos nós.

Em cada sombra que o tempo me devolve,
Teu nome ecoa em preces que não findam,
Detalhes do amor que a lembrança envolve.

Mas sigo entre ruínas, aprendendo a ser coerente,
Tecendo em mim a redenção que ainda habita,
Feito cicatriz viva, pulsando, presente.

E quando a aurora tocar teu coração distante,
Renascerei serena dessa dor impactante.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Canto da Paz




Canto da Paz

Novo dia, primeira luz,
desperta a passarada
e a cantoria reluz
na manhã abençoada.

É dia de sol e paz,
de unir sorrisos e abraços,
de secar lágrimas e cansaços,
num despertar tenaz.

Homens, mulheres, crianças,
refazem sonhos, esperanças;
e a paz, em branda espiral,
anuncia — é fim da guerra descomunal.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®


Ilustração / Imagem Pinterest

sábado, 11 de outubro de 2025

Beijo Da Luz



Beijo da Luz

Ah, como é belo beijar o mistério da luz,
Deixar que o encanto em versos floresça
Sentir o amor que a poesia nos conduz
E o ser em alma e corpo se engrandeça.

É nesse fulgor que a alma se traduz,
Que o verbo em fogo e música acontece,
Pois do amor puro o tempo reproduz
A eternidade em tudo o que enternece.

Que o amor acenda a chama da serenidade,
E o silêncio em prece o ser reluz,
Em eco de divina claridade.

Se um verso toca o céu na intensidade,
É porque a alma, em sua plenitude,
Fez-se poema — e o poema é divindade.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®


Ilustração / Imagem Pinterest

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Vestígios ao Luar

Vestígios ao Luar

Reconheço teus passos nas ruas sem nomes,
Nesse mero existir que transcende a  ilusão
Das promessas como se  marcas uniformes
Desenhassem  dias de silêncio e instigação.

E entre sombras te vejo, fugaz, indecifrável,
Como brisa que beija e depois se desfaz,
No espelho da memória, és toque insondável,
Ecoando bons ventos que o tempo nos traz.
 
E como quem busca vestígios do que foi essência,
Reconheço a nostalgia que insiste em nos envolver
E ainda que não me chames sei-te em cada ausência
Pois és o luar que ilumina sem jamais se perder.

Talvez amanhã o dia renasça bordado de amor
E te encontre saudoso da magia de nós dois.....

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®


Ilustração / Imagem Pinterest


terça-feira, 30 de setembro de 2025

Vidraça do Tempo


Vidraça do Tempo

Como lâmina invisível teus ecos cortam meu universo
De sentires profundos e reconheces o sal dos meus gritos
Na vidraça do tempo entre fragmentos do meu eu submerso
A cada porta aberta de minha alma em que tu fostes inscrito.

Talvez o amor seja essa asa ferida entre a prisão e a liberdade,
Revestida dessa estranha essência ao gerar emoções
De transcendência, indagações, profundezas e sensiblidade,
E perceber-se liberta para revelar-te em minhas inundações.

E se do amor floresce a seiva do instante, a paixão é o ardor
Frente ao abismo da solidão que também nasce em poesia,
Qual fogo a nos consumir plenos de vertigem e fulgor.

És verbo secreto, és claridade tardia, fogo abrasador
A cicatriz que pulsa, viva, incessante e se revela todo dia
Mistério que em mim abrasa, queima, avassalador.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®

Ilustração/ imagem Pinterest

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Rito Profano




Rito Profano
" Na celebração do desejo o profano é divino."

A noite em teu corpo é pura liturgia
A carne acesa, a chama que me inflama
Oferta entre pernas em pura heresia
Arrebatando-me o beijo que se proclama.

Teu hálito é desejo e tua boca é prece
E em cada beijo o fogo se derrama;
A febre pulsa, molha, e me enaltece,
Brinda o prazer que o desejo reclama.

Sou rito profano em teu altar ardente,
Sacrílega amante, perdida em loucura,
Entre suspiros meu gozo é incandescente.

E quando em delírio tua pele me guia,
Desfaço-me inteira, nua, bálsamo e cura
Num êxtase insano e teu corpo me sacia.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®

Ilustração/ imagem Pinterest


terça-feira, 23 de setembro de 2025

Mar de Luzes


Mar de Luzes

Escasso se faz meu tempo, por isso ele me dissolve
Em teu crepúsculo, e leva –me às portas da nostalgia
Revirando meu íntimo em silencio e ainda me envolve
Dos teus passos atentos, letra a letra em poesia.

És viajante no meu destino, o pretexto que amo
Junto da lua mergulhada no teu mar de luzes.
Meu roteiro e motivo na úmida língua que declamo
Sem saber se é dia ou noite em tempos audazes.

E quando me perco nos reflexos da demora
É tua sombra que desponta em claridade
O oxigênio que me refaz além do tempo e agora.

És homem cativo de um sonho que me guia
Colhendo do meu seio a chama que persiste
Em etéreo delírio quase presença e me irradia.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®


Ilustração / Imagem Pinterest

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Clamor de Poesia



Clamor de Poesia

O´ encanto que me tem em doce paladar
saboreando meus sentidos, minha respiração,
querendo-me inteira, devoluta, para em ti estar
em versos, aplacando a fera do desejo e coração.

Mordo cada palavra que tua boca anuncia
e surpreendes-me  ao envenenar de vontades
o tom da minha pele num clamor de poesia
entregue aos ecos que transpiram intensidades.

Talvez seja apenas um fio ardente que resiste
entre cansaços e esperas, qual lume clandestino
apontando o caminho da chama que abriste.

E assim,  em ti eu renasci do meu próprio ser
cicatrizando nossa ausência  que tanto reclamas,
pois és chama bendita que não cessa de arder.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autoriais Reservados ®

Ilustração/ Imagem Pinterest

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Versos em Vigília



 Versos em Vigilia


Apesar de tudo, o silencio não aplaca as lembranças,
elas são presentes, constantes, e assim recorrentes,
transitam entre pensamentos e se fazem pertenças
dos vivos desejos a detalhar-te ainda que ausente.

Apesar de tudo, uma forte saudade  ainda me cobre
e rasga meu peito com  toques sutis, entrecortados
entre o delirio e a oração, entre o soluço que encobre
a noite insone dos meus olhos  tristes, lacrimejados.

Apesar de tudo, vejo-te em sonhos, e eu te anuncio 
com sorriso nos lábios, coração pulsante, braços abertos
como se fora minha liturgia e redenção que sentencio,
na prece secreta, o nosso amor em versos eternos.
 
E nesse tom saudoso, amoroso, os dias passam sem alaridos,
apesar dos gorjeios dos pássaros à sombra dos ipês floridos.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®

Ilustração / Imagem Pinterest

segunda-feira, 21 de julho de 2025

Arrebatamento


Arrebatamento

Embriago-me das setas atiradas
E deixo escorrer os suores etílicos
Das tuas palavras, ontem anunciadas,
Sobre meu alvo pulsante e idílico.

E vens num sonho que atravessa
As brancas paredes do meu quarto
Aproximando-se sem pressa
Da penumbra que contigo reparto.

E retiro do meu ventre a recusa
Dos meus seios o medo e a espera
Para enfim me abrir à tua luz sincera.

E assim, no gesto onde o corpo repousa
Sou tua, sem véus, em febre e ventura,
Rendida em ti, ao desejo e a loucura.

Vilma Orzari Piva
Direitos Autorais Reservados ®

Ilustração / Imagem Pinterest